terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Campos

O vazio enche-nos e o nada torna o pouco muito. O silêncio é uma melodia e nisto, todo o sussurro nos chega ao ouvido como um grito violento. Aqui, a solidão não nos deixa de todo sós, mas sim aconchegados com nós mesmos. A única orientação é a luz do dia e o brilho da noite, o tempo simplesmente não existe. A vontade de mudar é pouca, pois tudo é igual no campo da aparência. Já a percepção de tudo o que nos rodeia depende de cada um de nós.
Os campos, no fundo, são meros espelhos. Neles, encontramo-nos e conhecemo-nos. A influência não existe e só o que é puro nos influencia. Estamos longe de tudo, menos de nós próprios e, no fim, assustamo-nos com aquilo que realmente somos. Preciso de me deitar no campo.

Quero o verde que me define e o ar puro que me influencia. Quero o tempo longe de mim e o céu como tecto. Quero o campo, e só o campo.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Retrato

Para te expôr num quadro perderia uma vida inteira para o fazer. Não é só fazer um simples desenho da tua face, é muito mais que isso. É conseguir transmitir mil e uma palavras num só único ponto, é conhecer-te e, a partir de todo o teu promenor, tingir o teu retrato com todas as cores que te identificam.
Nos cabelos tens o brilho, o traço indefenido, a imperfeição e a perfeição conjugadas. Nos olhos, a natureza da verdade e o sentimento despido, sem nada a esconder. O sorriso segue o olhar, e quando a intensidade entre os dois atinge um nível que nem tu controlas, este explode e atinge os outros num impeto inconsciente de os fazer sorrir. No pescoço, sobressai uma ligeira sensualidade que no início foi um segredo que tentei descobrir. E nas mãos, nas tuas lindas mãos, guardas o vício, um bailar entre as duas que sempre me chamou à atenção.
E como num quadro cada ponto transmite mil e uma palavras, neste texto cada palavra exprime mil e um significados e sentimentos que só tu podes decifrar.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Sem nada nos bolsos


Aqui estou eu, sem nada nos bolsos. Vim sozinho, pedi à Noite para se esconder atrás de uma árvore e à Lua para tapar os olhos. Agora só somos nós, eu e tu. As baladas cantadas pelo vento foram ensaiadas desde o momento em que gravei o teu nome nos meus lábios. Não era paixão e não soava a amor, era mais especial. Todos os batimentos nos momentos em que aparecias nas minhas paisagens eram como cravos atirados no meio de um ambiente bélico que me faz ter medo de ti. O sentimento retrógado e alado tatuou-te no meu peito e, agora, aqui estou eu, sem nada nos bolsos.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Código Morse


Já aprendi a falar o que tu falas, mas mesmo assim, não sei falar. Já aprendi a pensar como tu pensas, mas não consigo, no entanto, é difícil pensar. Decorei todas as tuas visões, todas as paisagens, mas nos meus olhos o mar e o céu continuam azuis e não da cor com que tu os vês. Ando perdido de ti e já não me encontro. As cábulas e as lembranças são códigos que não consigo decifrar.

Um dia, vou-te encontrar e, em código morse, vou cantar a melodia, o som, o que me faz gostar de ti.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

O Poema cresce...

O poema cresce
Num olhar e no sorriso.
Entrenha-se no pensamento
E fecha-se cá dentro.
Escreve-se sozinho
Num rascunho de tinta vermelha.
Uma tinta permanente,
Sem vento que a leve
Ou sombra que a disfarce.
E no fim,
Escreve-se com as mãos,
Como um grito silencioso
A quem não nos dá atenção.

(Peço desculpa pela falta de cuidado com os meus seguidores,
pois o tempo que tenho para aqui passar é muito pouco...
Agradeço a todos os que me inspiram e que me voltaram a
dar vontade de escrever... Obrigado "meu filho" ;D)