quarta-feira, 7 de abril de 2010

Uma hora de verdade

São três da manhã, e o mundo sonha e não faz questão em abrir os olhos. Hoje, preferi não sonhar e calcar o piso frio que nos acorda para a realidade. Encarei o silêncio e a noite olorosa de pura melancolia com um cigarro na mão e comecei a criar de novo.
Sinto-me senhor de um universo que não é meu. Quebro o vazio com o barulho da caneta e com um olhar discreto para um céu sublime e omnisciente que, na verdade, não existe. Torno o pouco em muito e, por defeito, o que é simples em complexo. Encontro em mim um sentido cruel acerca do dia, que a todos aparenta verdade e razão. Este é um mero enganador que nos cansa com as suas mentiras para não nos deixar amar a noite. Sim, cansei-me, mas estou aqui mais forte que ontem, que nos outros dias tão pouco semelhantes com este universo que não é meu, volto a repetir. Hoje revoltei-me com a ignorância e sim, estou aqui.
Agora, descobri uma verdade e mudei de ideias. Amanhã, não vou ser ninguém e sei que ninguém vai ser como eu. Decidi esquecê-la e não partilha-la convosco. E porquê? Mais uma vez sublinho: porque este universo não é meu.



(acabou às quatro)